

Marlon Fabian é poeta e performer. Atualmente, está se especializando em Ensino de Artes Visuais e Tecnologias Contemporâneas pela UFMG. É graduado em Letras pela Faculdade Pitágoras (2014) e é Mestre em Estudos de Linguagens pelo CEFET-MG, onde realizou uma pesquisa sobre as poéticas do corpo dentro de uma análise dos processos coreográficos do dançarino Tatsumi Hijikata no curta metragem Heso to Genbaku (1960), O Umbigo e a Bomba Atômica, do diretor Eikō Hosoe. Desenvolve trabalhos relacionados com corpo e poesia. Busca a partir de experiências com outras artes, como performance, dança e teatro, compreender as manifestações poéticas em uma perspectiva de interartes e de campo ampliado, em que seja possível discutir a presença da poesia em outras modalidades artísticas, mirando a expansão de suas fronteiras. Atua no cenário cultural com seus trabalhos de poesia corporal intitulados de Ações Poético-Corpórea e com publicações de poemas em coletâneas literárias. Diante do cenário de pandemia de COVID-19, tem produzido uma série de vídeo-performance chamada de Composição Corpográfica. Esta série busca experimentar e compor, utilizando os recursos de ferramentas digitais um material em artes que explore e promova uma interação entre linguagens artísticas.
AÇÕES POÉTICO-CORPÓREA
Série de performances artísticas que exploram o espaço interartes da poesia. Estas ações buscam por meio do corpo investigar o processo da criação poética fora do amparo grafocêntrico. Permitindo, dessa forma, o surgimento de um corpo poiético e de uma poesia incorporada, materiais importantes para investigar o campo da poesia na esfera contemporânea. Essa ações poéticas movimentam-se junto com o entendimento das artes fronteiriças.
SER TÃO
A Ação Poético-Corpórea "Ser Tão" busca promover aproximações com a tessitura poética de elementos ligados à natureza sutil e ao mesmo tempo agreste da própria existência. Por meio do jogo estabelecido neste dualismo, a ação acontece na relação do espaço da cena com o corpo. Surgem, assim, imagens corpóreas que direcionam os olhares dos espectadores para o que há de mais ínfimo na presença simbólica da terra. A ação "Ser Tão" explora os estados desrazoados e de pouco préstimo, evocando a insurgência de existências que apresentam sua grandeza em seus estados mínimos. O título da ação reforça o abeiramento destas duas materialidades, terra e corpo, que se dissolvem como unidade fechadas, e abrem espaço para uma configuração conectada a partir de suas fronteiras. Corpo e Terra se estabelecem como uma estrutura única no espaço intervalar do entre. Assim, "Ser Tão" coloca à vista uma existência marcada pelos devires e pelo rastro de sobrevivência que transformam a pele.
TERRA ADENTRO
A partir da leitura e análise do poema “Lira Itabirana” de Carlos Drummond de Andrade e de notícias sobre o crime ambiental ocorrido em Mariana. “Terra Adentro” surge com o anseio de encarar este acontecimento amparado por um ponto de vista crítico. A imposição de uma mudança na constituição espacial, a partir do agressivo movimento dos rejeitos da barragem, que alteraram as paisagens habitadas e, concomitantemente, os corpos que lá se mostravam presentes, passam a ser materiais importantes para o desenvolvimento conceitual e prático desse trabalho. Os corpos dos performers se apresentam como suporte para a poesia na construção de uma imagem-poética que terá seu ponto de partida amparado pela força arbitrária de um mar de dejetos e lama que rompe suas fronteiras na busca de fazer seu novo leito. Sob uma imersão de descasos e impunidades surgem corpos-viventes que vagam neste espaço tênue de seus desaparecimentos. Sobreviventes, eles [r]existem imanentes na pele dos performers. Por meio de um respiro de memória, os corpos tornam-se capazes de mudar suas configurações corpóreas, e passam a ecoar tudo que os atravessam, vozes, gestos, ruídos e o próprio silêncio.
É PROIBIDO ATRAVESSAR
Com o olhar direcionado às questões que envolvem o sentimento de pertencimento que se mostra possível através de uma “afirmação espacial”, surge a intenção da proposta performativa É Proibido Atravessar. Nesta ação, se buscará promover uma reflexão acerca dos espaços físicos e não-físicos que ocupamos.
É dentro de um conflito que envolve questões críticas da situação das “minorias” no nosso país que surge a problemática deste trabalho. Pensar sobre os espaços territoriais demarcados e/ou excluídos, sejam eles de âmbito cultural, político ou social. O quanto de território (físico ou não) nos é negado? O acesso a áreas que, por tamanha ironia, ainda não foram legitimadas a nossa entrada. PERTENCER. Ser parte; estar contido. Porém somos assombrados por um pensamento dicotômico que circunda nosso imaginário, anulando constantemente o outro; limitando, restringindo os espaços de ocupação, os espaços de existência. A Ação Poético-Corpórea É Proibido Atravessar opera neste ambiente de tensão interna e externa do corpo que o possibilita alcançar algo que se encontra no devir. Este tateia com a pele em extensão. Expande-se e cria uma nova proposição espacial e gestual.
EXERCÍCIO PARA DESAPARECER
“Exercício para Desaparecer” é uma ação poético-corpórea (experiência performativa dentro do campo da poesia) que busca refletir sobre o desaparecimento/silenciamento. Quais corpos e quais vozes ainda se mostram ofuscados ou desaparecidos? O quanto de fala que não foi dito ou simplesmente não recebeu um lugar para se dizer? Nesta investigação, o movimento a ser feito é de trazer um corpo-linguagem a tensão do desaparecer e, assim, revelar uma potência do devir... uma nova corpografia capaz de fazer surgir. A ação poética “Exercício para Desaparecer” consiste na busca de uma nova corpográfica a partir da sobreposição de pedaços de jornais na pele. Com uma cadeira ou em algum banco, o performer estabelece um local fixo, onde seja possível acomodar os materiais (uma pilha de jornal e uma bacia com líquido para umedecer o papel). A ação se configura no movimento de manuseio desses utensílios no esforço de cobrir o corpo do próprio performer.
DIDÁTICA DO HOMEM-FLOR
Colocando em evidência o espaço da cidade cada vez mais cerceado por uma urbanização que em nada compõem com o meio natural, a ação poética “Didática do Homem-Flor” arquiteta por artifícios performáticos e a partir de experiências estética e filosófica da dança butoh uma corporeidade que opera no interstício destes ambientes. Transita, portanto, instituindo uma alteração significativa no tempo do movimento do corpo. E com isso, a maneira de configuração do espaço também se altera em uma convergência mútua. Neste jogo performático, o corpo do performer instaura uma intervenção na paisagem urbana que manifesta o dualismo crítico criado por uma sociedade sem planejamento de suas áreas e lançada a um capitalismo selvagem. O quanto de nós, movimento, tempo, olhar e presença, não foi também esquecido ou reconfigurado a partir de nossas vivências em uma urbe? Esta ação projeta a imagem poética de um corpo utópico que sobrevive neste espaço através da latência de sua própria intensidade; um homem que na junção ao estado de flor, caminha suavemente no intervalo de seu florescer e desabrochar.
COMPOSIÇÃO CORPOGRÁFICA
Serie de Vídeo-performance que busca experimentar e compor, utilizando os recursos de ferramentas digitais, um material em artes que explore e promova uma interação entre linguagens artísticas de dança, de poesia e de performance.
CURRÍCULO ARTÍSTICO
2012
Espetáculo de Dança Contemporânea “Rosa dos Ventos”, apresentado no Centro Cultural da UFMG.
“ROSA DOS VENTOS”
2012
O "Corpo [D]escrito". Performance apresentada no Seminário Interno do Instituto Inhotim.
"CORPO [D]ESCRITO"
2012
“TERESA”
Artista convidado para a Performance “Teresa”, proposta pelo artista Tunga, realizada no Instituto Inhotim.
2013
“COEXISTO- HOMEM ÁRVORE”
Artista convidado para a Performance “Coexisto- Homem Árvore”, proposta pelo artista Fernando Audmouc, realizada no Museu Memorial Vale.
2014 -2015
“SARAU DA PARTILHA”
“Sarau da Partilha”, promovido com o Coletivo Partilha. Realizado no Sesc Palladium, no Museu Espaço do Conhecimento da UFMG e no Centro Cultural da UFMG.
2015
“SARAU DA ÁGUA”
“Sarau da Água”, promovido com o Coletivo Partilha. Realizado na Funarte-MG e na Virada Cultural do Sesc Palladium.
2015
“SARAU DO LIVRO”
Participação e produção do “Sarau do Livro”, promovido com o Coletivo Partilha. Realizado no Festival Literário Internacional - FLI-BH.
2015
SerTão. Ação Poético-Corpórea apresentada no “Sarau da Água” e na Virada Cultural Sesc Palladium.
SERTÃO
2015
“FROTAGEM”
Artista convidado para a Performance “Frotagem”, proposta pelo artista Fernando Audmouc, apresentada no Lançamento do livro: “Análise Coreográfica: O Espetáculo Nazareth.
2016
Ação Poético-Corpórea apresentada no Lançamento do Catálogo Ofídias no Sesc Palladium.
“É PROIBIDO ATRAVESSAR”
2016
“TERRA ADENTRO”
Ação Poético-Corpórea apresentada no Simpósio “Nem mais um Minuto de Silêncio: Debates sobre o desastre da Samarco” realizado pelo Programa de Educação Tutorial da Administração (PET-Adm), do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG).
2016 - 2019
"É PROIBIDO ATRAVESSAR"
Ação Poético-corpórea "É Proibido Atravessar", apresentada no Sesc Palladium, durante o lançamento do catálogo da Oficina "Método da Cobra na Aprendizagem e Ensino das Culturas Indígenas" (2016), na Biblioteca Central da Universidade Federal da Bahia - UFBA (2019), durante Congresso Nacional dos Estudantes, e no PPG em Artes da Universidade Estadual de Minas Gerais - UEMG, dentro da programação do I Simpósio de Estudos e Práticas da Performance (2019).
2018 -2019
"EXERCÍCIO PARA DESAPARECER"
Ação Poético-Corpórea apresentada na Mostra de Performances da Escola Livre de Artes - Arena da Cultura, "Plataforma em Suspensão" (2018), e no PPG em Artes da Universidade Estadual de Minas Gerais UEMG, integrando a programação do "I Simpósio de Estudos e Práticas da Performance" (2019).
2019
Publicação do poema "da secura da boca meu verso em trânsito" no livro "Imagens Literárias: existem direitos humanos na minha cidade?".
2019
"DIDÁTICA DO HOMEM FLOR"
Ação Poético-corpórea apresentada na Mostra de Performances da Escola Livre de Artes - Arena da Cultura, "Plataforma em Suspensão".
2020
BLOCO BETHÂNIA CUSTOSA
Integrante da equipe de produção e da bateria do Bloco. O Bloco Bethânia Custosa é um movimento carnavalesco que homenageia a cantora e compositora da música popular brasileira Maria Bethânia em suas fantasias, poética e em seu repertório.
2020
"DO RITMO AO DESASSOSSEGO"
Artista convidado para compor a programação d o Festival Carnaúba - Festival de Cenas Curtas da VIII Semana de Artes Cênicas do Instituto Federal do Ceará com a apresentação da vídeo-performance "Do Ritmo ao Desassossego".
OUTRAS PRODUÇÕES
ROSA DOS VENTOS

CORPO [D]ESCRITO

TERESA, TUNGA

